Por André Otávio Assis Muniz
I. Introdução
O Grau 33, último grau do Rito Escocês Antigo e Aceito e, no
Brasil, também o último Grau de outros ritos influenciados pelo Sistema Escocês
(Adonhiramita e Brasileiro), é cercado de uma aura de mistério e de hiper
valorização.
É comum ouvir entre maçons e não maçons a referência
admirada a alguém dizendo: “- Ele é Grau 33”...
Essa admiração, ainda que justificada pela longa caminhada
iniciática de alguns Irmãos portadores desse último Grau, deve ser temperada de
sobriedade e razão.
Vamos dar um rápido sobrevôo sobre o Grau e, assim, tentar
desfazer alguns equívocos bastante comuns em relação a ele.
II. Origem
Os primeiros documentos que citam o Grau 33 no Sistema Escocês
traz a data de 1786. No entanto, é sabido que essa data não corresponde à
realidade.
Tanto os chamados “Novos
Institutos Secretos e Fundamentais da muito Antiga e Venerável Sociedade dos
Maçons Livres Associados, ou Ordem Real e Militar da Franco-Maçonaria”
quanto as “Constituições Estatutos e
Regulamentos” (esses últimos datados de 1786), que dizem ter sido redigidos
por Frederico II, Rei da Prússia, são falsificações.
Apesar de serem falsificações, são os documentos mais
antigos e fundamentais do Rito Escocês Antigo e Aceito. Frederico II não passou
nem perto deles mas, apesar disso, permanece como figura central nas alegorias
do Grau.
Frederico II figura como modelo de Imperador esclarecido e
iluminista . O exercício do poder foi para ele um exercício de sabedoria e de
trabalho em prol dos seus governados. Sendo assim, é um tipo de arquétipo a ser
seguido pelos Grandes Inspetores Gerais no governo dos Altos Graus.
Provavelmente, o Grau 33 foi criado nos Estados Unidos da
América no final do século XVIII, quase início do XIX.
Há três hipóteses mais fortes para a escolha desse número:
a) Uma referência à idade de Jesus Cristo, símbolo da
“caminhada da perfeição”
b) A passagem do “paralelo 33” sobre Charleston nos EUA (não
é exatamente 33 o paralelo, é o 32°47’N 79°56’ mas pode ter havido uma aproximação).
c) Uma referência aos 33 membros da Guarda Escocesa que
faziam a guarda pessoal do Rei da França.
III. Desenvolvimento
Originalmente, o “Rito de Perfeição de Heredom”, que seria a
base do REAA, era um rito de 25 Graus.
Ao contrário do que se pensa, a maioria desses graus não tinha rituais.
Eram transmitidas as lendas, as palavras e só.
O Rito de Heredom, cujo sistema já estava estabelecido na
década de 1750, tinha como Grau máximo, de número 25, o de “Sublime Príncipe do Real Segredo”, "Sublime Comendador do Real Segredo".
A importância que se dá hoje à ritualística, aos
interstícios etc. dos chamados “Altos Graus”, era bem pouco conhecida nos
séculos XVIII e XIX.
Alguns sistemas maçônicos compactaram as lendas em um único
Grau para abreviar o tempo para que se passasse o conhecimento. No Regime
Escocês Retificado, por exemplo, a essência dos Altos Graus era transmitida no
Grau de Mestre Escocês de Santo André, que compreende a parte central dos
ensinamentos do Grau 4 ao Grau 18. Os Graus subseqüentes, ou seja, a dita “Ordem Interna”, que
compreendia os Graus de Escudeiro Noviço e o de Cavaleiro Benfeitor da Cidade
Santa (CBCS, dividido em Professo e Grande Professo), têm características
cavalheirescas retiradas da Estrita Observância Templária e não propriamente
maçônicas.
No Rito Moderno, são nada menos que 81 Graus compactados em
5 Ordens ditas “Sapienciais” ou “de Saberdoria” (Ordres de Sagesse). Neste
Rito, originalmente, não havia Altos Graus tendo em vista que era a simples
transposição dos costumes da Grande Loja de Londres (dos “Modernos”) para a
França. O sistema de Altos Graus
foi elaborado com base em todos os Graus praticados na França oitocentista (81
ao todo).
A Maçonaria só passaria a praticar o 3º Grau em 1724. As primeiras Lojas em território
francês seriam implantadas um ano depois, ou seja, com o Grau de Mestre recém
elaborado.
Mais de 60 anos depois, por conta da necessidade de se
estabelecer ordem dentro das práticas de Altos Graus nas diversas Lojas Capitulares, se estabeleceu na França o “Grande
Capítulo Geral” que, através da pena de Alexandre Roëttiers de Montaleau,
estabeleceria os rituais das 5 Ordens Sapienciais do Rito Moderno.
Até que Albert Pike revisasse os rituais, já quase no final
do século XIX, os “Altos Graus” do REAA também não tinham forma ritualizada.
O próprio Albert Pike recebeu, em uma única ocasião, do Grau
4 ao Grau 32, de Albert G. Mackey.
Quando foi eleito para ser membro do Supremo Conselho do
Grau 33, também o recebeu por comunicação, tendo em vista que seria ele o
verdadeiro autor dos primeiros rituais, propriamente ditos, do REAA.
O ritual mais antigo que se conhece do Grau 33, descoberto
pelo próprio Albert Pike, traz procedimentos bastante simples em relação ao que
se pratica hoje.
O REAA na época de Albert Pike era um dos menores
grupamentos maçônicos existentes no mundo. Era um rito minoritário.
IV. Temática
O Grau 33 gira em torno da temática dos chamados “Graus
Cavalheirescos”.
Reunido em um templo armado de vermelho com ornamentos
dourados, tendo esqueletos, tíbias e crânios como adornos, o Supremo Conselho
recorda o massacre de Jacques Demolay e dos templários.
A “caveira vingadora”, um esqueleto presente no lado norte
da sala, portando o estandarte do Supremo Conselho em sua mão esquerda e um
punhal em sua mão direita faz, justamente, alusão ao desejo de justiça para
aqueles que foram vítimas das intrigas, calúnias e injustiças. Tal caveira
representa, obviamente, Jacques De Molay.
A coroa imperial de Frederico II e o seu cetro encontram-se
sobre a mesa do Soberano Grande Comendador que, aliás, representa o próprio
Frederico. Seu auxiliar ou vigilante, se senta no Ocidente e representa Louis
de Bourbon, que teria, na lenda, auxiliado a Frederico II na reforma do Rito de
Perfeição de Heredom.
Em outras palavras, a coroa e o cetro representam ao poder
de Frederico II que teria se transmitido aos Soberanos Grandes Comendadores
para que governassem o REAA.
Coroa e cetro são símbolos de poder, de mando e de governo.
Fica óbvia aqui a pretensão de “governo” sobre toda a chamada “Maçonaria
Escocesa”.
Onze luzes iluminam a sala, recordando a data maçônica da
extinção da Ordem do Templo, ou seja 5312 (1312 + 4000).
As divisas “Ordo Ab Chao”(Do caos a ordem) e “Deus Meumque
Jus” (Deus e o meu direito), colocadas na porta do Supremo Conselho relembram :
- A ordenação e o governo dos diversos graus (que sem um
centro de comando estariam mergulhados no caos e desordem);
- A ordem social dada pela sabedoria e pela moral, sem os quais
a sociedade mergulharia no caos;
- Os princípios de lei natural (jusnaturalismo), ou seja,
aqueles dados por uma potência superior e transcendente da natureza,
representada no Ocidente cristão pela figura de ‘Deus’;
- Os princípios da lei consuetudinária e das normas
positivas reguladoras do Direito (juspositivismo) que regem as sociedades,
representadas aqui pelo “meumque jus”.
Os rituais variam quanto à presença de um transparente com
um triângulo tendo a letra hebraica “yod” ao centro ou com o numeral 33 em seu
lugar.
Os membros do Supremo Conselho são descritos como “vestidos
de negro” e “armados de espada” o que se explicaria pelo luto provocado pela
morte dos templários, denominados de “nossos Irmãos” e a vingança contra a
Intolerância, o Fanatismo e a Ignorância que os condenaram aos tormentos e à
morte.
A temática da “Justiça e Equidade”, que é trabalhada mais
extensamente no Grau 31, é retomada de maneira “un passant” no Grau 33. A
presença divina no Supremo Conselho, representada pelo transparente, não é
temida pois, simbolicamente, os Grandes Inspetores Gerais agem com retidão e
justiça, dentro das leis humanas e divinas.
O símbolo mais universalmente conhecido do Grau 33 é a águia
bicéfala, segurando uma espada entre as garras e tendo a coroa imperial entre
as duas cabeças.
Esse símbolo é oriundo, no caso do REAA, de mais uma
referência à Prússia. Trata-se da águia negra bicéfala da Prússia, com algumas
modificações.
A águia prussiana tem nas garras um globo encimado por uma
cruz e uma espada. A águia do Grau 33 agarra apenas uma espada com ambas as
garras e, por vezes, nessa espada, há um filactério com o dístico “Deus Meumque
Jus”.
Ao longo do tempo, com a imensa “criatividade” de alguns
dirigentes do REAA, a águia foi se transformando e ganhando novas (e cada vez
mais forçadas) características e interpretações.
V. Inovações (e deformações)
Se compararmos diversos rituais do Grau 33 veremos que, em
pouco tempo, foram sendo introduzidas mudanças e “novidades” aqui e ali.
Uns falam em triângulo com o vértice para baixo, outros
falam em vértice para cima. Uns dão importância a que haja uma estrela de nove
pontas, constituída de 3 triângulos eqüiláteros, com cada uma das letras da palavra
“Sapientia” nas mesmas. Outros nem citam essa estrela.
Uns rituais falam no transparente com o triângulo (com a
ponta para baixo ou para cima) no meio de um resplendor com o “yod” , ao qual
se dá um papel importante por ser o “nome de Deus”. Outros falam do numeral 33
e não citam o “nome de Deus”.
Nos EUA, a águia bicéfala negra prussiana virou uma águia
americana de duas cabeças com a coroa imperial (?) por cima.
Além disso, há algum tempo, resolveram introduzir “ramos”
nos bicos da águia, como se ela fosse um tipo de “pomba da paz”.
No Brasil, há alguns rituais que afirmam que as duas cabeças
representam “Ordem e Progresso”...Ou seja, o ritual do Grau 33 toma contornos
positivistas e Comte se torna um novo “ideólogo” para os Supremos Conselhos.
Outros rituais foram sendo modificados para se “ajustarem”
aos hábitos de uma ou outra Obediência Maçônica. Um “figurão” qualquer
inventava uma inovação e lá se iam a modificar todos os rituais.
Em fotos bem antigas, de meados do século XIX, oriundas do
Supremo Conselho de Portugal, vemos os Grandes Inspetores Gerais vestindo o
avental e o colar, ou a faixa e o avental. Em fotos do começo dos século XX ou
do final do XIX, o avental some e dá lugar somente à faixa ou ao colar.
Os aventais se tornam peças de museu e a arrogância de dizer
que “não é preciso mais avental porque o trabalho iniciático já está acabado”
se torna uma justificativa comum.
Posteriormente inventaram o uso de uma “faixa abdominal”, um
tipo de cinta com um lacinho ou uma fita de premiação com um rosetão com
fitinhas dependuradas. Tal adorno DEVERIA ser usado somente se o Grande
Inspetor Geral estivesse revestido de túnica vermelha, coroa e capa. Nunca
sobre o paletó...
Originalmente, o Soberano Grande Comendador se revestia de
uma túnica de cetim carmesim, bordada e debruada de branco e a coroa Imperial
era vestida por ele. Hoje, a coroa fica sobre a mesa, assim como a espada que
ele deveria portar.
O barrete com a “Cruz de Lorena” é mais um acréscimo. Ele já
teve a águia bicéfala em vez da referida cruz e ganha cores diferentes em
acordo com a “criatividade” dos chefes dos Supremos Conselhos. Outras cruzes,
cada vez mais complexas e cheias de traves, vão modificando os paramentos que,
aos poucos, parecem uniformes de bandas marciais ou uniformes dos stewards de
hotel...
Um capítulo à parte são as patentes do Grau.
De documentos bastante sóbrios que continham apenas os
elementos essenciais indicados nas leis do REAA, as patentes ou diplomas do
Grau 33 foram se tornando verdadeiras “overdoses visuais”, com desenhos
ornamentais de cores fortes, faixas impressas, águias carnavalescas e um mau
gosto à toda prova.
Se chegar ao Grau 33 deveria ser uma forma de obter uma
visão completa do sistema ritualístico do REAA, passou a ser um tipo de
“formatura” às avessas, onde os “professores” que lá estão sem saber grande coisa,
vão modificando as características do sistema até que ninguém entenda mais
porque os elementos simbólicos e alegóricos devem estar nos graus.
Como se não bastasse tudo isso, ainda há a mania de secretismo
em torno do Grau. Em vez de se dar a oportunidade para que pessoas sérias,
capacitadas e interessadas pesquisem sobre o Grau em suas diversas versões, publiquem suas pesquisas e , dessa
forma, sejam incrementadas as informações históricas e simbólicas que há sobre
ele possibilitando uma maior preservação dos seus elementos essenciais, há
dirigentes que ainda não se deram conta que desestimular a pesquisa, no século
da Informação, da internet, da conectividade móvel e imediata, não vai
“preservar” qualquer “segredos”, que, aliás, já são de domínio público há muito
tempo, mas apenas fomentar a desinformação e a invencionice.
Graças a essa mentalidade, que privilegia a manutenção de um
“fechamento” epistemológico, as informações acabam viciadas em um mesmo meio,
com os membros de um ou outro Supremo Conselho acreditando que só existe uma
versão do Grau, a sua própria...E pior, acreditando que, assim, estão
“preservando” alguma coisa.
A cada mudança e a cada invenção introduzida nos rituais por
indivíduos ineptos que só tem poder burocrático mas nenhum conhecimento
efetivo, um pedaço dos rituais vão se perdendo. Dessa maneira, cada geração de
novos Grandes Inspetores Gerais vai recebendo uma visão mais mutilada do Grau
33. Sem que hajam estudos sérios, análises comparativas etc., não há
possibilidade de preservação coletiva dos elementos mais autênticos do Grau.
Tal situação tende a ser enormemente agravada quando os
portadores do Grau se sentem tão “elevados” que não precisam mais
estudar...Infelizmente essa é uma situação bem recorrente.
VI. Grau Administrativo?
Há um consenso
quase geral de que o Grau 33 seria um grau puramente administrativo.
Apesar de haver elementos claramente voltados ao “governo”
da chamada “Alta Maçonaria Escocesa”, ou seja, elementos administrativos, o grau traz também elementos morais e
simbólicos evidentes.
O binômio “Direito Natural” ou “divino” e “Direito Positivo”
ou “social” é tratado de maneira bastante equilibrada através da correta
compreensão dos dísticos.
A busca constante pela justiça e o combate à Ignorância, ao
Fanatismo e à Intolerância dão o tom da “vingança”. Em outras palavras, não se
trata de uma “vingança cega”, mas sim de uma vingança temperada pela razão,
pelo pensamento e pelos valores morais defendidos pela Maçonaria.
A cor vermelha, cor do REAA, que faz referência ao sangue
derramado em prol da verdade, cor da cruz pátea dos templários, à completude da
Grande Obra Alquímica – a ‘Obra em Vermelho’ (a rubedo), também é símbolo do
“fogo interior” da Sabedoria, da Ciência e do Conhecimento Esotérico interdito
aos não iniciados.
O vermelho também incita à ação, é a imagem do ardor que
deve animar aos Grandes Inspetores Gerais a uma ação transformadora, tanto
interna quanto externamente.
Os imperadores bizantinos se vestiam inteiramente de
vermelho e existiam leis que proibiam o uso de esmalte rubro nos brasões, pois
era cor exclusiva do Imperador. Assim, indica também poder.
Atingir a “Obra em Vermelho” (rubedo) é o acesso aos
“Grandes Mistérios”.
Sobre o vermelho estão representados ossos e crânios.
Os ossos são símbolo de firmeza, de força e de virtude.
Também representam o “retorno” e suas possibilidades. No simbolismo bíblico, a revivificação
dos “ossos secos” indica a possibilidade de uma restauração. De fato, em
algumas culturas, a “essência da vida” encontra-se no tutano. O núcleo dos
ossos seria, dessa maneira o “germe” dessa restauração.
O crânio é símbolo do “centro espiritual”, é a “abóbada
celeste” do corpo humano. Era utilizado pelos alquimistas em suas operações de
transmutação.
Na Maçonaria se reveste do simbolismo do ciclo iniciático: a
morte corporal, prelúdio do renascimento em um nível de vida superior.
A presença da coroa, ainda que, em um nível mais imediato,
invoque a memória de Frederico II, também simboliza valores que sobrepujam à
cabeça, cimo do corpo humano, ou seja, assinala um caráter transcendente de uma
realização bem sucedida. Ela une o “coroado” ao que está acima dele e também ao
que está embaixo.
A coroa também simboliza dignidade, poder, realeza, o acesso
a níveis superiores.
No simbolismo cabalístico, o ápice da “Árvore da Vida” é ‘kether’,
ou seja, “coroa”. Exprime o Absoluto, o infinito e sem limitações.
As coroas divinas ou régias eram objeto de culto, unicamente
manipuladas por iniciados nos mistérios, eram consideradas seres carregados de
poder.
O cetro simboliza também a força e a autoridade, é um modelo
reduzido de um grande bastão de comando. É uma “vertical absoluta” que
simboliza o homem enquanto tal, a
superioridade desse homem feito chefe e o poder recebido de cima.
É o modelo reduzido da coluna do mundo, o eixo em torno do
qual se organiza uma coletividade ou sociedade.
Na Grécia Antiga, o certo simbolizava o direito de fazer
justiça e, por isso, pertencia à panóplia das insígnias consulares.
O esqueleto presente no Supremo Conselho é símbolo das
operações que precedem as transmutações. Não representa uma morte estática, um
estado definitivo, mas uma morte dinâmica, anunciadora e instrumento de uma
nova forma de vida.
Seu “sorriso” irônico e seu ar pensativo, simboliza o
conhecimento daquele que atravessou a fronteira do desconhecido, daquele que,
pela morte, penetrou no segredo do além.
De acordo com Apuleio, na antiguidade circulavam selos ou
estatuetas representando um esqueleto, que serviam para realizar operações
mágicas. Tais esqueletos eram, supostamente, a imagem de Hermes, deus psicopompo
que usufruía do privilégio de pode descer aos infernos e daí voltar.
Petrônio, em seu Satiricon, coloca um esqueleto de prata com
articulações móveis em um banquete para simbolizar a morte em geral e a
brevidade da vida. Essa visão era destinada a fazer com que os convivas
aproveitassem mais aquele momento, tendo em vista que todos os prazeres são
efêmeros.
A águia-bicéfala, símbolo onipresente no Grau 33, nas
antigas civilizações era símbolo do poder supremo. Nas tradições xamânicas da
Ásia Central, é frequentemente representada no topo da coluna do Mundo, situada
no meio das aldeias.
A origem da águia-bicéfala é, provavelmente, hitita. Foi
retomado pelos turcos seldjúcidas e, destes, foi copiado pelos europeus nas
cruzadas para chegar por esse meio indireto às armas imperiais da Prússia.
A duplicação da cabeça reforça o simbolismo da autoridade
representado pela águia, rainha das aves, mensageira da mais alta divindade uraniana
e do fogo celeste – o sol, que só ela pode ousar fixar sem queimar os olhos.
Essa característica simboliza a percepção direta da Luz intelectiva. É símbolo
da contemplação, daí a atribuição da águia a São João Evangelista.
Exprime a ascensão e a realeza e é graças a essa segunda
interpretação que se tornará símbolo romano do Império e também do
Santo-Império medieval.
Dotada de força solar e uraniana (celeste), que a potência
com que levanta vôo evidencia, a águia torna-se, em decorrência disso, o pássaro
tutelar, o iniciador e o psicopompo.
Na Idade Média, o vôo em descenso da águia era visto como
sinal da descida da luz sobre a terra.
A águia romana é essencialmente a mensageira da vontade do
alto. Na Grécia, segundo Píndaro, a águia dorme pousada no cetro de Zeus, cujas
vontades faz conhecer aos homens.
Fica bastante óbvio que, se compreendermos todos esses
símbolos dispostos no Supremo Conselho do Grau 33, entenderemos perfeitamente a
mensagem do Grau e poderemos nos esforçar por atingirmos a iniciação REAL nele.
VII. Conclusão
Não tivemos a pretensão de fazer uma análise aprofundada
sobre o tema mas, tão somente, apresentar elementos gerais concernentes ao Grau
33 do REAA.
O rito de Iniciação no Grau demandaria análises simbólicas
um pouco mais extensas e, por isso, resolvemos não comentá-lo nesse texto.
As funções e as atribuições dadas ao Grau 33 nas diversas
fases de seu desenvolvimento, passando pelo famoso “Congresso de Lausanne”
(1875), demandariam também a análise de certos desdobramentos históricos o que
tornaria o texto demasiadamente longo. Certamente não é esse o objetivo de um
texto que se pretende apenas uma visão panorâmica.
Esperamos, em outras oportunidades, analisar aspectos mais
particulares do Grau 33, quando teremos ocasião de nos estendermos mais em
considerações de caráter histórico e simbólico.
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