"O monge deve ser rude.
Monges delicados não são verdadeiros monges. Uma pessoa delicada e suave não
está preparada para a rusticidade da ascese e para os desafios da vida
monástica. Desconfie sempre de todo monge delicado. Um homem delicado, por
acaso, aguentaria a dureza do chão nu, o sol abrasante do deserto, as privações
de todo consolo e os muitos trabalhos necessários a uma vida solitária? Mãos
macias estão preparadas para arar o solo, cortar e cozer alimentos simples e
sem nenhuma sofisticação, limpar a cela ou os recintos do mosteiro e manejar
ferramentas para consertar e construir as coisas das quais necessita? Um homem
delicado está preparado para ensinar rusticidade e autonomia a seus discípulos?
Um monge deveria conseguir apartar a luta de dois tigres apenas com um
bastão."
(Texto do monge Yuan-tsing. Em
815, ele foi capturado com mais de 80 anos de idade. Estava comandando um
exército de insurgentes. Quando seus captores tentaram torturá-lo com um
martelo, eles viram que seus ossos eram tão duros que não conseguiram quebrar
suas pernas. Yuan-tsing então, berrou furioso: "Esses vermes! Se
consideram homens bravos e não sabem nem como se quebra uma perna!" Então,
Yuan-tsing posicionou suas pernas e mostrou aos torturadores como era o método
correto para se quebrar a perna com um martelo.)
"Em suas origens védicas o
tipo do Brāhman ou "sacrificador" tinha pouca semelhança com o do
"padre" como nossos contemporâneos concebem: ele era, ao contrário,
uma figura tanto viril como assustadora e, como temos dito, um tipo de
encarnação visível no mundo humano do super-humano (bhū-deva). Além do mais,
nós podemos ver que nos textos mais antigos um ponto de distinção entre o
brāhman - a casta "sacerdotal" - e ksatram ou rājam - casta guerreira
ou real - não existe; uma característica que nós podemos ver nos estágios mais
antigos de todas as civilizações tradicionais, incluindo a Grega, a Romana e a
Germânica. Os dois tipos só vão começar a se diferenciar em um período
posterior, sendo este outro aspecto do processo de regressão que temos
mencionado." (Julius Évola. A Doutrina do Despertar)
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