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sábado, 30 de julho de 2016

A propósito do artigo de Julius Evola sobre a Maçonaria publicado em "A vida italiana" (abril/1937) e em "Estudos Tradicionais" (junho/1937) - Rene Guénon.

Traduzido por A.M.

O Sr. J. Evola publica um artigo entitulado ‘Dall’“Esoterismo” al sovvercivismo massonico’ no qual critica sob certos aspectos a atitude do anti-maçonismo vulgar: reconhece, com efeito, a existência na Maçonaria de uma tradição simbólica e ritual em referência a “correntes ou doutrinas pré-existentes à sua forma atual e de um caráter espiritual indubitável”; ele protesta, além disso, contra a interpretação que queria ver nesta uma espécie de tradição “anti-cristã”, coisa que tem tão pouco sentido na medida que, se examinam-se os antecedentes da Maçonaria, “nos encontramos conduzidos até tradições efetivamente anteriores ao Cristianismo”; e ele assinala também o caráter hierárquico e aristocrático que tais tradições tiveram sempre em suas origens. Somente que, desde o momento em que há algo que parece inconciliável com as tendências que se constatam na Maçonaria atual, ele se pergunta se houve uma contínua filiação, ou se não haveria existido, mais propriamente, uma espécie de “subversão”; ele se inclinaria a pensar que em tal caso os elementos tradicionais teriam podido simplesmente serem “tomados de empréstimo” de diferentes fontes, sem que tenha havido uma transmissão regular, coisa que explicaria, segundo ele, um desvio que haveria sido impossível “se a organização maçônica desde o começo tivesse estado regida por chefes qualificados tradicionalmente”.
Nós não podemos seguir-lhe neste ponto e lamentamos que ele tenha evitado estudar mais de perto o problema das origens, posto que haveria podido dar-se conta de que se trata, em realidade, de uma organização iniciática autêntica, a qual só padeceu de uma degeneração; o começo da mesma é, tal como temos repetido várias vezes, a transformação da maçonaria operativa em especulativa (n. do T.: esta informação provou-se falsa com as recentes pesquisas maçonológicas, mas o restante de ambos os textos de Guénon é verdadeiro), mas não se pode falar aqui de descontinuidade: também quando se teve o “cisma”, a filiação não foi por ele interrompida e permanece legítima apesar de tudo; a Maçonaria não é uma organização fundada no começo do século XVIII e, além disso, a incompreensão de seus aderentes e inclusive de seus dirigentes não altera em nada o valor próprio dos ritos e dos símbolos dos quais ela segue sendo sua depositária.

A vida italiana (junho de 1937)

Um artigo do Sr. Gerardo Maffei acerca das relações entre Judaísmo e Maçonaria, atesta uma atitude já evidenciada no artigo do Sr. Evola, do qual falamos precedentemente. O autor faz notar muito justamente que pelo que concerne a origem da Maçonaria a presença de numerosos elementos hebraicos em seu simbolismo não prova nada, tanto mais que, junto a estes, acham-se também muitos outros que se vinculam a tradições totalmente diferentes; além disso, estes elementos hebraicos se referem a um aspecto esotérico que não tem nada a ver com os aspectos políticos ou com outros aos quais apontam aqueles que combatem o Judaísmo atual, e em relação ao qual pretendem associar estreitamente à Maçonaria. Naturalmente tudo isto se encontra sem relações com o problema das influências que, com efeito, podem exercer-se em nossos tempos dentro da Maçonaria do mesmo modo que em outros ambientes, mas é justamente tal distinção que, por ignorância ou sectarismo, esquece-se demasiadas vezes; e acrescentaremos mais decididamente todavia, pelo que se refere a nós, que a ação dos maçons e das próprias organizações maçônicas, na medida em que se encontra em desacordo com os princípios iniciáticos, não poderia ser atribuída à Maçonaria enquanto tal.


Obs.: Gerardo Maffei era um dos pseudônimos de Julius Evola.

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