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sábado, 30 de julho de 2016

Martinismo vs. Ordens Martinistas

Por André Otávio Assis Muniz

A Ordem dos Elus Cohen (Elus é francês e quer dizer "Eleitos" e Cohen é hebraico, é sacerdote em hebraico) foi fundada no século XVIII por Martines de Pasqually de La Tour. Essa Ordem era um dos muitos sistemas maçônicos que vicejavam na França de então. Nela se misturam conceitos gnósticos, cabalísticos e cristãos, que foram expostos na obra "Tratado de Reintegração dos Seres". Louis Claude de Saint-Martin foi secretário de Martines de Pasqually, mas, depois da morte desse último, abandonou o sistema e se afastou de todos os sistemas maçônicos. O seu mais famoso colega, Jean Baptiste Willermoz, também não se adaptava totalmente ao sistema dos Elus Cohen, que era baseado nos chamados "Graus de Vingança", típicos da Maçonaria Escocista setecentista. Jean Baptiste Willermoz fundou seu próprio sistema de Maçonaria, o Regime Escocês Retificado, que juntou a parte que ele achava mais profunda dos Elus Cohen com um outro sistema maçônico alemão, chamado de "Estrita Observância Templária". No sistema de Willermoz, o RER, havia quatro graus maçônicos e dois graus cavalheirescos. No último grau maçônico do RER (Mestre Escocês de Santo André) estava condensada a doutrina dos Elus Cohen sem, no entanto, a parte dos Graus de Vingança.

Louis Claude de Saint-Martin optou por não seguir um caminho ritualístico. Preferiu buscar suas verdades interiores através do silêncio e da meditação. A ele se juntaram amigos e leitores de suas obras que foram os primeiros "martinistas".


A idéia inicial de Saint-Martin era fazer um círculo de amigos, ou "círculo de íntimos" que se reunissem para meditar, debater idéias interessantes sobre esoterismo e trocar técnicas de cultivo interior. A abreviatura S.˙.I.˙. não significava "Superior Incógnito" e nem "Servidor Incógnito", mas sim "Sociedade dos Independentes". Os "independentes" eram pessoas que não estavam presas a quaisquer concepções então existentes sobre iniciação e auto-cultivo. Alguns eram maçons, como o próprio Saint Martin, outros não eram.

Saint-Martin rejeitou as formalidades da Ordem dos Sacerdotes Eleitos de Martines de Pasqually, assim como também se demitiu do Regime Escocês Retificado de seu colega Jean Baptiste Willermoz. Tornou-se inativo em todas as Ordens Maçônicas que tinha frequentado e passou a se dedicar ao cultivo interior pela via do recolhimento, do estudo, da meditação e da oração.

A "iniciação martinista" não passava muito da aceitação pelo grupo de amigos que se reuniam e oravam juntos. Os principais assuntos do grupo eram as obras de Jacob Boëhme, os escritos do próprio Saint-Martin e as experiências pessoais dos membros.
O nome "martinista" era jocosamente dado aos leitores das obras de Saint-Martin.

Depois da morte de Saint Martin, os diversos membros do círculo de íntimos foram fazendo seus próprios grupos até que, no século XIX, Papus resolveu fundar uma "Ordem" e meter nela todo tipo de paramento, palavras de passe, doutrinas estranhas, magia e graus em estilo maçônico.

A primeira constituição da Ordem "Martinista" de Papus já fazia equiparações de graus, traçava plantas de um "templo" martinista e introduzia verdadeira panóplia de parafernalha pseudo-esotérica e mágica.

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